sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cafezinho.


O lápis e o verso.
Modela.
Expressa.
Labuta.
Inspira.
A xícara e o café.
Quente.
Preto.
Doce.
Puro.
Os lábios e a poesia.
Pensa.
Bebe.
Sente.
Escreve.
A métrica e a rima.
Ausente.
Nada.
Livre.
Escassa.
O eu lírico e o papel.
Exala. 
Despe.
Mostra.
Cede.


Na medida, como um cafezinho feito na hora. 

_Nome: Love or leave me. 
_Composição: Infelizmente não achei fonte.
_Interpretação: Nina Simone.
_Letra aqui.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sufoco.



Há quem relute ao pranto sentido.
Eu imploro à lágrima contida.
“Esvaia, que de angústia em angústia, em meu peito só restará um rio de dor.”
Há quem balbucie pragas por tanta face molhada.
Eu só quero que dos meus olhos ecoe o rancor.
Que de tristeza em tristeza o nada é que me resta.
 Reclamam os que dos olhos caem cachoeiras salgadas.
O prólogo é sempre dorido e o epílogo um suspiro de alívio.
Em sufoco e eterno prólogo eu me transformo.
Que não há nada que faça dançar (cair) as minhas lágrimas.

O pranto só existe por dentro, imploro pela lágrima fora e nada, até quando por dentro for só um rio e a água tenha que molhar o deserto dos meus olhos, e por fim haverá glória, um dos raros momentos de êxtase e glória pra quem já não encontra alívio pleno nas palavras e no sentimento cantado.

Sobre música e vídeo:

_Nome: Morena de endoidecer. 
_Composição: Djavan / Cacaso.
_Interpretação: Djavan. 

P.S.: Existe a interpretação de Bethânia, que é tão linda quanto a de Djavan, veja aqui.

sábado, 12 de novembro de 2011

O problema não é em você.

As palavras não caem como uma luva no papel.
O pensamento a vagar causa dúvida e o abstrato não é tão poético nesse momento.
Não adianta dizer que vale a pena só participar, ninguém gosta de perder, mas não há um que saiba ganhar. De mais a mais há sempre desarmonia em algum lugar, não importa o quão escondido e escuro esteja, uma hora vem e lateja na mente, e nessas horas o espelho parece estar desfocado e o medo é tão grande que olhar nos olhos de alguém que se ama não é hesitar em se mostrar e sim de enxergar o próprio reflexo. 

MÚSICA DE HOJE: SILÊNCIO. 




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Coisas que não possuem necessariamente sentido (ou maestria).





A respiração é involuntária.
Voluntário é prender o ar, e se é justa a honestidade, é isso que me causa medo.
Privar meus pulmões de oxigênio só para sentir o controle escorrendo por entre meus dedos. 
Deixar-me envenenar pelo frágil poder.
Pela doce ilusão de ser dona da própria carne. 
Se me serve a justificativa, afirmo não ser insanidade o que grito. 
É querer desgrudar-me da inércia.
É sentir a vida se tornar menos vã quando quase se toca o véu cintilante da morte.
É querer demais, querer ser mais.
É, no entanto bela tal utopia.
Viver é aceitar o fato de não ser nada.



Sobre música e vídeo:
_Nome: O silêncio das estrelas.
_Composição: Lenine e Dudu Falcão.
_Interpretação: Lenine.
_Letra aqui.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Policromo.

"Quem já tocou o amor pelo sabor do gesto?
Sentiu na boca o som? Mordeu fundo a maçã?
Na casca, a vida vem tão doce e tão modesta
Quem se perdeu de si?"



Vai menino!
Tira esse véu azul da face.
Azul é lindo, mas eu prefiro o castanho dos seus olhos.
Deixa desabrochar esse teu riso brando.
E se ele for amarelo, eu não me importo.
Amarelo é bonito também.
Despe-se do medo desses pecados.
Isso é invenção de gente mal amada.
Que na avidez não enxerga pureza.
Calma, permanece ameno.
Não me refiro à matemática do seu corpo.
Eu clamo por sua essência.
É nata a beleza que ela possui.
Deixa-me regar o seu sorriso frouxo.
Enfeito-te de afeto.
Faço da minha essência teu colo.
Vem que eu te nino, cumpro-te as vontades.
Deita aqui, apóia a cabeça no meu amor.
Que eu quero ser multicor também.

Juliana Almeida


Sobre a música e o vídeo:
_Nome: Alma.
_Composição: Pepeu Gomes e Arnaldo Antunes. 
_Interpretação: Zélia Duncan. (linda)


domingo, 17 de julho de 2011

Melodia.

" Tenho duas namoradas.
A música e a poesia.
Que ocupam minhas noites.
Que acabam com meus dias.
[...]
Nenhum instante se deixam.
Grudadas pelas costelas.
Nenhum segundo me largam.
Também eu não largo delas. "


O tempo foi escorrendo.
E eu fui me perdendo na música.
E encontrando-me nela.

Desde então eu canto.
Atinjo as notas mais altas que puder.
A inquietude do meu ser é quem dita o tom.
O desfecho dessa vida se faz repertório.
Por fim, existimos apenas a música e eu.
As imagens tornam-se embaçadas.
Os sons alheios são ruídos.
Tudo é inútil, todos são ninguéns.
A melodia é o que me interessa. 

Juliana Almeida.

Sobre a música e o vídeo:

_Nome: Força estranha.
_Composição: Caetano Veloso.
_Interpretação: Caetano Veloso.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O amor (cego) do parto se revela.



Eu sei minha doce menina.
Que quando o guri na rua desponta.
A noite parece mais longa.
E o sono se esquiva a vir.

Não chora sofrida mulher.
Seu guri ainda tem volta.
A favela um dia se acalma.
E no ensino ele vai prosseguir.

Juliana Almeida


P.S.: Nesse caso a relação entre o título do poema com o poema em si e a música é de extrema importância. 

Sobre a música e o vídeo: 
_Nome: O meu guri.
_Composição: Chico Buarque de Hollanda. 
_Interpretação: Chico Buarque de Hollanda.